A solidão como opção
É de desanimar.
É de ter vontade de chorar!
É de ter vontade de sair chutando lata, poste, carro e até gente.
É de queimar a cabeça e ferver os miolos, tentando entender o que as pessoas fazem para se manter bravamente na solidão.
Que mundo novo é esse, besta e metido a sabichão, que impede as pessoas de viverem seus sentimentos verdadeiros. Que droga de mundo é esse que impede as declarações mais lindas de amor?
Ai, essa gente mentirosa que anda por aí dizendo que amar e declarar que ama é coisa de ridículo, de desequilibrado e de boçal.
Que droga de gente burra. Que prefere viver sozinha, enfiada em seus colchões de molas assistindo à história de amor dos outros na televisão.
Que droga de gente mentirosa e burra, que prefere ver nas telas de qualquer meio os suspiros, os gemidos, as lambidas, os beijos e as estocadas alheias, se esvaindo sozinho em desejo e dor.
Que dor abominável a da covardia que separa corpos e almas sedentos, aflitos, abandonados, loucos e precisados de calor.
Quantos velhos e quantos jovens, quanta gente demente, carente e efervescente, entregando suas vidas a um capitalismo algoz, perseguidor e manipulador.
Mesquinho, avarento e detonador de um sentido que não faz sentido.
Que o amor é força, é via, é luz para a libertação e para que todos sejam iguais em poder, em riqueza e grandeza. Que quem ama é livre e criador. Que quem ama é produtor, é diretor.
Que o amor está vendo o tempo passar e essa mania chata de agora acreditar que nunca se vai morrer e não entender que o tempo passa e que era mais fácil e doce, de amor viver.
Que o amor tão banalizado hoje é fonte inesgotável de toda necessidade humana.
Está bem, então fale com seu terapeuta, tome antidepressivo ou cachaça, fume maconha, trabalhe até a exaustão, se esconda em sua feiura ou em sua beleza ou em sua bondade sem limites.
Devore livros, brigadeiros, viagens ao exterior. Compre todas as grifes, coma quilos de bifes.
Faça horas de yoga e meditação, busque, então, a sublimação. Ore, chore, corra… E quando se cansar de tanta dissimulação, tenha a bondade de cair nos braços de alguém de bom coração, se jogue com ele no chão, num colchão, mas, por favor, dê logo um jeito nesse seu tesão e deixe o mundo mais são.
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