Champagne e borbulhas de amor
Tantas programações, planos, contagens regressivas a justificar ações ou a falta delas quando se fala de amor. As pessoas estão desesperadas e se atiram em relações aos quilos e metros, simplesmente por não saberem mais esperar o tempo da descoberta, da deliciosa chegada ao não sei onde, pelo caminho do deleite de viver em parceria, dia após dia, degustando cada momento, sem se afligir quanto ao destino.
Quanto tempo falta pra quê? Desespero, medo, vontade, carência, pressa, muita pressa. Que loucura a busca pela felicidade nos braços de um ser amado e que descompasso entre o tempo do relógio e o tempo de Deus!
Não confiamos em nossos parceiros ou não confiamos em nós mesmos quando julgamos mal e nos apressamos em garantir um substituto para amarmos e nos amar com a ilusão errada pobre e supérflua de que merecemos sempre alguém melhor. Atropelamos um amor que tinha tudo para dar certo e escolhemos até mesmo a solidão e seus dias vazios, contanto que não arrisquemos nada. _ Não vou fazer esta bobagem, não vou me humilhar, não vou ficar aqui esperando no que vai dar.
Casais lindos se perdendo pelo medo de esperar. Meu Deus, no que vai dar? Mas já está dando, está bonito, gostoso, leve e isso pode fazer até bodas de ouro. Tem tesão, amizade e cumplicidade a níveis que poucas relações amorosas e bem rotuladas vivenciam. Então, por favor, me digam, no que é que tem que dar?
A vida de quem acredita no amor não é calculada, ela é sentida. Não tem data marcada para isto. Não somos máquinas, não existe um cálculo que nos programe, somos deveras ilógicos, até os mais certinhos, inteligentes. Aliás é bom lembrar aqui, que o infortúnio no amor não acontece de amar mais ou de amar menos e muitas vezes de como amamos e é aí que deve entrar a tal lógica e a tal inteligência, deixando ainda um bom espaço para os quesitos humildade e respeito.
E além da ansiedade em partir pelo medo de perder, vejo ainda muitas pessoas adiando alegria e plenitude conjugal para quando um momento mais propício possibilitar.
Vamos pensar. Amor e vontade de compartilhar não combinam com o tic tac do relógio. Com uma data precisa, com a efetivação de acontecimentos programados. Com o cumprir de um cronograma. Não é assim. A pessoa certa para você amar, vem no tempo de Deus e não do seu relógio.
Sentiu o coração bater mais forte, seu corpo esvanece de prazer, os sorrisos brotam, os olhares se encontram e brilham, existe respeito e bem querer, então o que você vai fazer? Vai programar somar com esta pessoa em amor em conforto existencial em projeto de vida juntos quando talvez, ela não existir mais? Vai vivendo gente, vai vivendo sem o medo e a ansiedade que minam a riqueza do verbo amar.
Sabemos o quanto está difícil confiar, e este é um fator determinante hoje em dia para que as pessoas se apressem tanto, se desiludam ou se iludam a cada beijo quanto a escolha do parceiro ideal – o que já estamos cansados de provar que ninguém vive sem – muito embora a moda contemporânea seja aparentar o contrario. Ninguém é feliz sozinho. Nem vem!
A coisa acontece como a dificuldade do orgasmo feminino. Na tensão e incapacidade de viver o agora, amando em paz e permitindo o prazer, na pressa em saber se vai dar certo ou não e aonde se vai chegar, bloqueamos as energias boas e a tendência é destruirmos as chances do que poderia ser o melhor em nossas vidas.
Se você não faz parte dessa turminha “politicamente correta”, que não precisa de nada e nem de ninguém para ser feliz, ame sem medo, reconheça que está dando certo, dê o melhor de si, desarme-se e potencialize suas chances de ter de vez, em suas mãos em sua vida o que todos buscamos e esse mundo idiota insiste em nos fazer negar.
Agradeço a vocês e a Deus por mais este ano juntos.
Desejo a todos um Natal muito feliz, desejo bondade, humildade, caridade, amor ao próximo.
Desejo que o Ano Novo seja de plena consciência, que todos nós possamos agir bem mais em favor de um mundo onde todos possamos viver em liberdade. Que sejamos livres até para amar.
Desejo sorrisos, desejo alegria.
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