Onde você esconde o seu amor?
Onde mora o seu amor, onde habita o que você chama de amar alguém, onde você encontra a sua felicidade, do que você precisa para sustentar o conceito de amor em sua vida? De sexo? De beleza? De paz? De riqueza?
Está dentro ou fora de você? Tem a ver com o mundo, com a história, é cultural? Tem a ver com trocas, negociações e recompensas, com a garantia, já de início, que se ele acabar um dia você não sairá lesado materialmente?
Está no seu pensamento, nas suas atitudes, no que você consegue demonstrar, sentir ou não sentir? Precisar ou não? Então você é poderosa mesmo? Ele está residindo nos seus medos e você não consegue entender o que é amar? Se entregar?
Deus, o amor das pessoas está morando fora delas. Tantas coisas ensinadas, calibradas e ditas amadas. Quanta preocupação com que o mundo vai pensar. Tantas regrinhas chatinhas, enjoadas, entaladas. Eca!
Quando foi, de verdade, em que tempo da história, na nossa cronologia, fizeram esta maldade e trocaram, inverteram os valores perenes pelos perecíveis como forma de amar? As pesquisas apontam, os estudos tentam provar, mas não adianta, não entra na minha cabeça que o ser humano possa passar melhor com coisas compradas, conquistadas pelo seu triunfo e vitória. Não cabe o raciocinar sobre o planar e eu juro que tento entender e dou asas e pondero sobre a inteligência paralela à emoção, ta bom, equilíbrio ajuda, mas dá um cansaço às vezes. Estará nesta coisa da singularidade, ama quem quer? Do jeito que quer? Acho que é.
Outra coisa que não me conformo e me irrita de verdade são as maneiras babacas de jogar com o amor. Existe mesmo o certo e o errado nas maneiras de amar e se entregar? Não seria somente o tangente às escolhas e a ética sobre elas a delimitar o que é felicidade para as pessoas, o que deveria contar? Talvez pagar o preço da lealdade, não custasse tão caro e garantiria tranquilidade ao entregar o coração. Isto não caminharia apenas pelo viés do que é sentido como felicidade e bastaria? Quanta complicação e perda de tempo.
E os conceitinhos então? Mulher fácil, homem “galinha”. As pessoas desprendidas estão recebendo os respingos de tanta porcaria. E eu imagino por onde passa tanta confusão, talvez, pela mentira na intenção. Então como se comportar, que leitura esperar quando você apenas quer viver algo leve, quando você é autentico ou solícito, assim, descomplicado.
Então você tenta ser ético, honesto, discreto, amoroso, carinhoso, fraterno, desinteressado, altruísta e ainda é colocado à prova quanto a merecer ou não ser amado? Aí você perde para alguém que faz o melhor jogo e tudo bem? “Hakuna matata” mesmo? Talvez seja melhor deixar pra lá quando se tratar de tentativa com pessoas que acreditam em joguinhos de amor.
A presunção marca lugar na vida dos casais, onde um traça certezas sobre as certezas que o outro tão pouco pensou ainda, e exerce sobre ele um poder vaidoso, pretendido ser charmoso que primeiro quase encanta e depois, quando decanta deixa no ar apenas a tristeza, a decepção e a certeza de precisar voltar a caminhar sozinho.
Casais estão fazendo sexo mecânico, mental, observado e aferido quanto ao desempenho e sucesso do prazer dos dois. De um prazer relâmpago que deixa no ar a questão sobre o que seria sexo de verdade. Ta bom, já sei. É o que é bom para cada um, mas… Mas, alguém aí, pode me entender? Tem alguma coisa no sexo feito fora da cabeça que propõe uma ida aos céus e lá, as coisas que nos atormentam ficam de fora e quando a gente volta mais alegre e forte, a vida real parece mais fácil de levar. Eu falo do sexo feito com o coração e o corpo como instrumento, com o coração tranquilo, aquele que você não consegue entregar.
Tenho visto tanta coisa esquisita. Estou meio confusa, mas não desisto e minha alegria vem daí, da certeza que muita gente também não desiste e acredita na leveza, no amor, no prazer e, sobretudo no ser humano cada dia mais capaz de ser humano.
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