Sexo por Sexo
Acho que passa um pouco pela atual e tão discutida falta de referência pessoal, esta busca louca por realização sexual, seja de que forma for.
Garotas e garotos de programa estão faturando alto nestes dias em que até observação de cego está valendo para fomentar o consumismo das pessoas que ainda não descobriram sua identidade e que vivem vagando em busca de elogios tão superficiais quanto elas mesmas.
Ah, mas o mundo sempre foi assim… é verdade! Mas hoje parece que está mais, não é mesmo? Talvez seja culpa da globalização e desta abertura dos meios de comunicação. A internet, o celular… Hoje se sabe mais sobre estas coisas, se vê mais. Na verdade, os vaidosos de plantão sempre existiram.
As pessoas estão vivendo para ter e para consumir objetos de desejo desenfreadamente todos os dias, em busca de estabelecer uma imagem que reflita um poder que, na realidade, elas não têm. Estas mesmas pessoas buscam no sexo eventual, a aferição do seu poder de sedução e a constatação do quanto valem os investimentos que fizeram nos seus corpos com as horas dedicadas a procedimentos de beleza e com as fortunas desembolsadas com a aquisição de bens de consumo como roupas, jóias e carros que elas pensam, as fazem parecer mais atraentes e poderosas.
Não é nada disso que importa, gente! Sexo é muito mais do que isso. Sexo é oportunidade divina de comunhão entre dois seres. Não importa a performance, não importa a forma física, não importa os apetrechos e fantasias e nem mesmo o clímax em si, se entre os participantes deste encontro não houver uma proposta maior.
“Querer aprender umas tantas ‘técnicas’ exóticas de excitação e querer manter o momento sexual isolado de tudo o mais não leva a nada – ou leva ao de sempre. Querer achar – como o querem os que escrevem para revistas de encontros sexuais – uma companhia para sexo ‘sem compromissos’, corresponde a cortar os genitais e manda-los pelo Correio – um para o outro. É isolar a pessoa do ato – técnica primária de Alienação“. Diz o psiquiatra e escritor José Ângelo Gaiarsa em seu livro A Família de que Se Fala e a Família de que Se Sofre. O Livro Negro da Família, do Amor e do Sexo. Editora Ágora.
O sexo mecânico e sem envolvimento que muitos julgam prazeroso, sobretudo porque não causa dependência e nem aborrecimentos, nada mais é que uma luta incansável por manter-se em um estado constante de alienação que termina por obrigar quem o pratica a procurar continuamente por novos parceiros e em todas as vezes a praticar tudo igual como se fosse a primeira vez, e é na verdade. Pode até ser gostoso e, na maioria das vezes, é, mas fica faltando alguma coisa. Sorvete também é uma delicia, no entanto acaba muito rápido e não deixa lembrança alguma, depois de alguns você enjoa e passa a preferir comer tortas e doces.
No sexo onde exista, no mínimo, atração física cultivada, por exemplo, no sexo entre amantes, mesmo que com a proposta de nunca haver entre os dois um compromisso, cabe a possibilidade de se desenvolver ali um interesse mútuo de felicidade através do prazer.
No sexo onde o amor acontece e os parceiros não temem os aborrecimentos que certamente surgem com o compromisso, a entrega dos dois possibilita uma enorme troca de energias e o sentimento faz com que o prazer se estenda além do corpo. Neste caso, não existem olhos para as roupas que vestiam, para as gordurinhas fora do lugar, para as ruguinhas que o tempo deixou ou para alguma deficiência física. Acreditem, o tesão é cada vez maior, e cada dia queremos mais com aquela pessoa.
Ninguém ali se lembra se o outro tem jóias no cofre de um banco ou qual é o carro que deixou na garagem. O poder está em fazer-se feliz e em fazer feliz o outro. O poder está em sair daquele momento com uma sensação indescritível de plenitude. O poder está em andar leve e sorridente até que um próximo encontro aconteça. Está em esperar ansiosamente por um novo encontro. O poder está na segurança de que o outro o deseja e que deseja além de tudo, cada dia mais, a sua companhia.
Havendo constância nos encontros amorosos, o casal estará sempre em busca de novos prazeres. Novas carícias, descobertas de pontos erógenos um do outro, novas e mais adequadas posições para os seus corpos. A intimidade, que não acontece nos encontros fortuitos, possibilita ao casal que se ama uma continuidade no interesse de agradar-se mutuamente. E assim, não sendo dois estranhos, serão capazes de inovar sempre, por mais que se acredite no contrario. A rotina, normalmente, acontece entre estranhos. Entre estranhos que vivem na mesma casa!
“Nada que seja feito do mesmo modo – sempre do mesmo modo – conserva os níveis iniciais de interesse, consciência e prazer. A alma da vida, do crescimento e do prazer é a VARIAÇÃO – toda criação e crescimento são variações. O mal está na constância.”, diz ainda o Gaiarsa no mesmo livro.
A variação não precisa necessariamente ser de pessoas! E constância, neste caso, é a de atitudes mecânicas presentes no sexo feito por obrigação s,ó porque dois estranhos insistem em viver juntos. Muitas vezes, sexo entre marido e mulher, também é “sexo por sexo”. Quando acaba, fica uma sensação horrível de vazio, ninguém entende por que é que ainda está ali…
Sendo assim, minha mensagem dessa vez é que você busque no sexo algo muito maior que auto afirmação. Que você busque no sexo, nesta fonte inesgotável de saúde, a sua PAZ.
Muito amor, muito sexo, muita paz!