Loucos por Amor
Era disso que eu falava quando ainda menina e o coração explodindo na certeza que só o amor me levaria onde Apolo XI tentava chegar e dominar mostrando ao mundo que os cálculos e a razão eram donos dos sonhos mais altos de felicidade. Podia até ser.
Eu olhava aquela lua, que um dia alguém até já me deu e via, além da figura imponente de Jorge e das crateras que para os seres humanos, obstinados em conquistar territórios palpáveis e documentáveis com títulos de propriedade, significava um mundo da Lua, onde o amor negado pelos inteligentes e obstinados não pretendia alcançar.
O meu mundo da Lua traçou escolhas de vida pautadas nas linhas do coração e levaram minha alma ao encontro de emoções sublimes.
O meu mundo da Lua tirou os meus pés do chão, fez o meu corpo levitar e vivenciar sensações vibrantes, energizantes cambaleantes às vezes. Incompreensível e desnorteante aos intolerantes, com frequência. Invejável aos invejosos delirantes em certezas falsas.
Rebeldia. Luta constante contra um sistema que negava e nega até hoje que o amor é o fim último da busca incansável pela conquista de feudos, de postos e títulos que mascaram uma real necessidade ou que trazem à tona um dia, sob o aparato do poder, o amor disfarçado em domínio familiar.
O meu mundo da Lua girou a minha cabeça, desracionalizou o racional, me fez sofrer, aprender, crescer e, sobretudo, viver. Me fez aprender a esconder meu verdadeiro ideal de amor e com uma desilusão aparente, manter sob a ótica do que é político, o crítico paralítico, incapaz de me ofender.
O meu mundo da Lua permitiu ser, o que o ser sob o sol e sua luz ofuscante em raios de sensatez desconhece da loucura de amar sem saber onde vai dar o universo particular que o meu luar segue a guiar.
O meu mundo da Lua me permite a segurança do amor maior que é o meu por mim mesma, como projétil em direção ao coração do outro. Do amor por mim mesma que permite amar ao outro de forma intensa, imensurável e desprendida.
A minha Lua é redonda e infinita, e o ponto de partida se encontra ao fim da linha, num percurso onde o amor traça o infinito e a certeza que não acaba aqui.
Os pobres de amor se fortalecem sobre os metais que a luz da razão reflete em cegueira. Cega o coração. Meus olhos marejam agora, meu coração pede ao Deus que eu carrego no peito, que a loucura de amar contamine a miséria do querer sem saber o que.
Fazer o que? É escolha de cada um. Eles se compadecem de mim e eu, no meu amor sem fim, peço a Deus por mim, para que eu continue sempre assim e que cada um descubra em si o que é a paz e que essa paz respingue em mim.